sexta-feira, 13 de junho de 2014

Construção Piper Cup

  Por Alexandre Magalhães

Como já tinha feito um artigo sobre construção em depron Unipoli, mas este anda meio raro, resolvi fazer um tutorial sobre como fazer uma fuselagem em isopor, muito mais fácil de encontrar, inclusive no lixo quando algum vizinho resolve comprar uma geladeira ou som novo...
A vantagem em relação a outros métodos de construção em isopor (basicamente cortar um bloco, esculpir e cavar por dentro) é a facilidade de construção, resistência e baixo peso.
O mesmo método usando depron já foi explanado na montagem do StarCessna, só queria neste tópico mostrar que com isopor também é muito fácil, e fica até mais leve (chapa de isopor P3 12mm pesa 288g/m², bem menos que os 360g/m² das placas pluma).
O isopor ainda permite formatos arredondados (com uso de lixa), além de ser mais consertável que depron. Sem fita, quebra mas é consertável (o Pluma quando bate vira uma sanfona), com reforço de fita é muito resistente, aguenta impactos diretos apenas soltando os pontos mais frágeis mas sem estragar muita coisa.

É uma receita simples e que já funcionou em montes de modelos que fiz, inclusive os grandões Cessnão (2m), Martin Mars (3,1m) e nos que estão saindo do forno agora. A prova de resistência é que o Cessnão de 2m acertou um poste de frente em velocidade de cruzeiro só quebrando o montande do motor, o Martin Mars acertou o nariz em uma cerca de madeira sólida na hora de pousar, ficou só um dente no local do impacto mas nada quebrou.
































Primeiro peguei uma placa de isopor P3 de 5cm de espessura e separei em 4 chapas finas de 1,25cm de espessura (esta é a técnica que usei neste tutorial, que rende modelos leves, fáceis de fazer, mas que se reforçados com fita de embalagem ficam muito resistentes.
Pode-se também usar isopor P2, P1 ou até P0 (de papelaria) mas nestes casos, as chapas têm que ser cada vez mais grossas.
Para cortar na espessura constante, colei calços feitos com palito de sorvete na ponta do arco de corte, para que apoiadas no chão ou numa mesa produzissem fatias na espessura que quero.
Pode-se comprar fatias de isopor na espessura correta, mas geralmente compro blocos de 5cm x 50cm x 1m para facilitar o estoque, já que os uso para asas e quando necessário posso tirar fatias para fuselagens, etc.
Assim ficaram as fatias:






                                       Características gerais

Como quero um Piper que fique com aparência bem escala, mas que voe bem, escolhi um tamanho de planta que dê uma boa área de asa para voar lento com motor 400 reduzido.
As características projetadas para o Piper são:
  • Envergadura: 120cm
  • Corda: 18cm (posteriormente decidi fazer com 21cm, o que não afetou muito a aparência e deu um ótimo resultado em vôo)
  • Comprimento: 76cm
  • Peso da fuselagem: 70g (medido)
  • Peso da asa: 70g (estimado)
  • Peso do avião completo: 200g (estimado com reforços de fibra e fita adesiva)
  • Peso do fligh pack: 50g (estimado)
  • Peso do motor: 80g (estimado)
  • Peso da bateria: 120g (estimado)
  • Peso total: 450g (estimado)
  • Carga alar: 22g/dm²
Nos pesos considerei a média dos equipamentos mais comuns.
Com estas características, bons motores para voá-lo são:
  • EPS400C-DS (400 reduzido 3:1) com hélice 10x6 e bateria 3S
  • EPS350C-CS (350 reduzido 5,33:1) com hélice 10x8 e bateria 2S
  • Brushless TowerPro com hélice 8x4 e bateria 3S
  • Brushless Komodo com estator simples ou duplo

                                              A fuselagem


A primeira tarefa foi desenhar sobre uma das placas o perfil de um Piper Cub J3, no tamanho desejado:


A próxima etapa foi cortar o perfil desenhado, usando o cortador vertical e com a ajuda de uma régua para deixar mais retinho. 


Para conseguir outra exatamente igual, usei a cortada como gabarito, desenhando uma nova lateral no isopor.

Neste ponto fiquei com 4 laterais de isopor, mas para um melhor resultado, juntei-as pelo nariz e pela cauda com fita crepe e passei novamente no cortador usando a régua como apoio, para "planar" as superfícies e deixar todas 100% iguais. 



Com as laterias prontas, medi a espessura de um par de laterais, deu 2,5cm.

Como, pela planta, o Piper deveria ter 8cm de largura, fiz 8cm-2,5cm = 5,5cm, esta portanto é a largura das cavernas principais, no bordo de ataque e bordo de fuga da asa.
A largura do local da parede de fogo onde será preso o motor ficou em 6cm (descontando 2,5cm = 3,5cm)...



                                                                            ATENÇÃO:

Muito importante, senão ele não voa mesmo, rssss  Repare que o motor ficará inclinado 3 graus para baixo em relação à linha de referência da fuselagem. Isto se chama "downthrust" e serve principalmente para evitar que o avião levante muito o nariz quando se acelera (o que torna o vôo difícil) e que gire para a esquerda em baixa velocidade.






A próxima etapa foi chanfrar e lixar a ponta traseira da fuselagem, para que feche no leme sem um degrau muito grande, aí prendi a cauda com fita crepe, para ter um alinhamento de referência na hora de juntar as laterais. 




Em seguida, colei a outra lateral da fuselagem, deixando aberto apenas em cima e embaixo do modelo. Com as laterais já coladas, cortei tampas que formarão a cobertura da parte traseira e a barriga do Piper, ambos usando a parte interna da fuselagem como molde. 




 Antes de fechar a cauda é preciso passar os tubos para a lincagem, portanto comecei juntando canudinhos de refrigerante para que sirva de guia.






Inserí-os na fuselagem após abrir um buraco com um tubo de vara de pesca, mas qualquer coisa que faça um furo pequeno no isopor sem estragá-lo serve, como espeto de churrasco, lima, etc. 


















Com os tubos já no lugar, posso fechar o pacote... 







Copiei as medidas básicas para uma folha de papel kraft (qualquer coisa serve), dobrei ao meio, tracei a curva, cortei com a tesoura para obter uma linha simétrica. 







Cortei o estabilizador de acordo com o molde em papel, e já fiz a dobradiça com fita. Tracei uma linha reta na dobradiça, cobri o lado oposto com fita adesiva, cortei levemente sobre a linha reta para abrir (lembrando que a fita do outro lado não deixa as partes se separarem). 








Para fazer estabilizador vertical + leme, repita o mesmo processo.






Faz-se um corte na fuselagem para encaixar o estabilizador (lembrando que o intradorso da asa paralelo ao estabilizador é um bom jeito de deixar a incidência em torno de 2-3 graus na maioria dos treinadores, portanto o encaixe ficou paralelo ao topo da fuselagem, que é em linha com o intradorso da asa.
Um corte no leme para que profundor e leme possam se mover sem atrapalhar um ao outro.










Para o nariz, um outro pedaço de isopor e um pouco de lixa dão o formato do capô do Piper J3. O para-brisas nasce da mesma forma. 












Por fim, um corte para o trem de pouso na altura do bordo de ataque da asa (o trem ficará preso entre a caverna do bordo de ataque e um outro pedaço de isopor, para dissipar a energia nos pousos mais fortes). 




Depois corte a base para os servos que vai instalado assim:





O tempo total de construção até este ponto foi de 5 horas, mas não teria gasto mais do que 2 horas se não tivesse que tirar fotos e detalhar os desenhos










                                                           Asas







 Ele pronto fica assim:








Logo coloco a planta........ Ou peça pelo e-mail 


claudiorin@hotmail.com